domingo, 23 de agosto de 2015

O PODER DO PENSAMENTO




O yogue Raman era um verdadeiro mestre na arte do arco e flecha. Certa manhã, ele convidou seu discípulo mais querido para assistir uma demonstração do seu talento. O discípulo já vira aquilo mais de cem vezes, mas - mesmo assim - resolveu obedecer ao mestre.

Foram para o bosque ao lado do mosteiro: ao chegarem diante de um belo carvalho, Raman pegou uma das flores que trazia em seu colar, e a colocou em um dos ramos da árvore. 


Em seguida, abriu seu alforje, e retirou três objetos: seu magnífico arco de madeira preciosa, uma flecha, e um lenço branco, bordado com desenhos em lilás.


O yogue então posicionou-se a uma distância de cem passos do local onde havia colocado a flor.  De frente para o seu alvo, e pediu que seu discípulo o vendasse com o lenço bordado. 


O discípulo fez o que o mestre ordenara. 


“Quantas vezes você já me viu praticar o nobre e antigo esporte do arco e flecha?” – perguntou. 


“Todos os dias”, respondeu o discípulo. “E sempre o vi acertar na rosa, a uma distância de trezentos passos”


Com seus olhos cobertos pelo lenço, o yogue Raman firmou os seus pés na terra, distendeu o arco com toda a sua energia – apontando na direção da rosa colocada num dos ramos do carvalho – e disparou. 


A flecha cortou o ar, provocando um ruído agudo, mas nem sequer atingiu a árvore, errando o alvo por uma distância constrangedora. 


“Acertei?" - disse Raman, retirando o lenço que cobria seus olhos.


“O senhor errou – e por uma grande margem” respondeu o discípulo. “Achei que ia mostrar-me o poder do pensamento, e sua capacidade de fazer mágicas..”


“Eu lhe dei a lição mais importante sobre o poder do pensamento”, respondeu Raman.  


“Quando desejar uma coisa, concentre-se apenas nela:  ninguém jamais será capaz de atingir um alvo que não consegue ver.”

domingo, 21 de dezembro de 2014

ARQUERIA: a Meta e a expectativa da Epifania

O momento crucial na arte da Arqueria é o instante da "Mira do Alvo".
São instantes onde o Arqueiro foca sua energia em um ponto que, de pronto, quer alcançar. 
Esse objetivo chamamos de Alvo, a  Meta, o Foco. É imprescindível definição clara do objetivo, pois esse é o ponto catalizador de todo o movimento. 
Na expectativa do alcance da meta, surge a sensação do súbito instante de realização, e é essa a chama que impulsiona o nosso “querer”.
Contudo, no processo de arcar a flecha e projetá-la ao vento, o Arqueiro deve ter a sensibilidade para que não ocorra a "sublimação da meta", ou seja, a par de toda tensão gerada, ele não pode se deixar apaixonar pelo Alvo. 
Isso ocorre quando, não raro, nos tornamos tão aficcionados pela a "Mosca", que esquecemos que ela é meramente um ponto visual, uma referência de valor, uma projeção do objetivo que queremos (e vamos!!) atingir. 
Há um mistério envolto no processo. Ou seja, na verdade, não existe a “Mosca”. 
E a favor desse mistério, os verdadeiros Arqueiros se rendem. Nele está contido o “propósito maior”, que tem sempre a permissão de cuidadosamente adequar e adaptar o Alvo, que se torna dentro do mais próximo possível  do que é projetado na flecha. 
A lição que os arqueiros colhem de todo o movimento é que, por mais que tentem, "nada está garantido". 
E que, se realmente quiserem que seja possível a concretização do propósito, é essencial reservar espaço ao imponderável e ao Mistério em suas vidas. 

Integrando Tempo e Espaço em Um Segundo

O que você considera um segundo? 
Seria aquilo que neste momento já passou?
Ou um segundo que procede ao primeiro?
Você aceita um segundo? Ou teima em querer congelar as circunstâncias em nome de um entendimento primevo?
Um segundo axioma vem a desestabilizar certezas, assim como um segundo sol “desalinha órbitas...”.
Um segundo perdido deve ser esquecido. Um segundo percebido pode eternizar...

Você percebe um Segundo? O que você deixou de viver no último Segundo? O que você deixou de viver não considerando um segundo?... 
Vrummffft...(A flecha abandona o Arco...)